
Respostas da Sociedade Brasileira de Anestesiologia aos questionamentos do Dr. José Horácio Aboudib
C.SBA – 01052/2012
Rio de Janeiro, 05 de março de 2012
Ilmo. Sr.
Dr. José Horácio Aboudib
MD. Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica sbcp@cirurgiaplastica.org.br
Prezado Doutor,
Em atenção à sua solicitação de opinião oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) referente aos questionamentos:
a) A Anestesia geral é mais segura que a peridural e vice-versa,
b) A anestesia peridural alta é “criminosa” como alguns dizem ou é questão de experiência?
c) Para procedimentos na face, a anestesia local com sedação é mais ou menos segura que a geral?
Temos as seguintes considerações a fazer:
a) Não existe nenhum estudo que comprove maior segurança em um tipo de anestesia em comparação a outro, seja ela geral, regional ou local com sedação. Não obstante, para a realização de qualquer ato anestésico-cirúrgico é necessário conhecimento e experiência dos membros da equipe com relação ao procedimento proposto, além da boa relação entre a tríade cirurgião-anestesiologista-paciente.
b) Não há nenhum parecer ou recomendação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) banindo a técnica de anestesia peridural torácica. Entretanto, é importante que o anestesiologista siga orientações relacionadas ao procedimento específico, tais como: adotar cuidados na elevação do dorso/encéfalo em pacientes que recebem anestesia espinhal; alertar o cirurgião, nas lipoaspirações tumescentes extensas (infiltrativa) ou associadas a outros procedimentos, realizadas sob anestesia peridural, a analgesia é proporcionada por esta técnica anestésica, devendo-se omitir a lidocaina na composição da solução infiltrativa, para evitar sobredose de anestésico local; além de outras pertinentes a cada procedimento especificamente.
c) Para a realização de qualquer procedimento anestésico, o medico anestesiologista deve seguir as recomendações da Resolução I802/2006 considerando, entre outras:
1) avaliação pré-anestésica infinda preferencialmente em consulta médica antes da admissão na unidade hospitalar;
2) vigilância permanente a seu paciente, sendo ato atentatório à ética médica a realização simultânea de anestesias em pacientes distintos, pelo mesmo profissional;
3) elaboração de documentação referente à anestesia, incluindo informações relativas à avaliação e prescrição pré-anestésicas, evolução clínica e tratamento intra e pós-anestésico;
4) avaliação prévia das condições de segurança do ambiente, somente praticando o ato anestésico quando asseguradas as condições mínimas para a sua realização.
5) instituir monitoração da circulação, incluindo a determinação da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, e determinação contínua do ritmo cardíaco, incluindo cardioscopia;
6) instituir monitoração continua da oxigenação do sangue arterial, incluindo a oximetria de pulso e a monitoração continua da ventilação, incluindo os teores de gás carbônico exalados nas seguintes situações: anestesia sob via aérea artificial (como intubação traqueal, brônquica ou máscara laríngea) e/ou ventilação artificial e/ou exposição a agentes capazes de desencadear hipertermia maligna.
d) Importante ressaltar ainda que, em algumas situações, as considerações pessoais de palestrantes podem ser confundidas como da literatura ou da Sociedade de Especialidade.
Referências:
1. Barbosa FT, Correia MCB, Cunha RM, et al. Anestesia peridural torácica para cirurgia plastic de mama em paciente portadora de miastenia gravis. Relato de caso. Rev Bras Anestcsiol, 2005; 55(3): 354-360.
2. Clemente A, Carli F. The physiological etlects of thoracic epidural anesthesia and analgesia on the cardiovascular, respiratory and gastrointestinal systems. Minerv Anesthesiol, 2008; 74(10): 549-563.
3. Klein SM. Bcrgh A, Steck SM, et al. Thoracic paravencbral block for brcast surgcry. Ancsth Analg. 2000: 93: 1402-1405.
4. Mustoe TA, Buck DW, Lalonde DH. The safe management of anesthesia, sedation and pain in plastic surgery. Plast Reconstr Surg. 2010; 126(4):165e-176c.
5. Nociti JR, Serzedo PSM, Zuccolotto EB, et al. Ropivacaína em bloqueio peridural torácico para cirurgia plástica. Rev Bras Anestesiol, 2002: 52(2): 156-165.
6. Poterio GMB, Pires OC, Nogueira CS, et al. Anestesia em cirurgia plástica – SAESP. São Paulo, Atheneu, 2008. 283p.
7. Posso IP, Callegari DC. Resoluções do Conselho Federal de Medicina de interesse para o anestesiologista, in: Cangiani LM, Slullitel A, Potério GMB, Tratado de Anestesiologia — SAESP, 7a. Ed, São Paulo, Atheneu, 2011: 31-60.
8. Schwartzman UT, Batista KT, Duarte LT, et al. Complicações anestésicas em cirurgia plastic e a importância da consulta pré-anestésica como instrument de segurança. ReV Bras Cir Plást, 2011:26(2): 221- 227.
Atenciosamente
Dr. Ricardo Almeida de Azevedo
Secretário Geral da SBA
Dr. Oscar César Pires
Diretor Depto. Científico da SBA
Dr. Jose Mariano Soares de Moraes
Presidente da SBA
fonte: Sociedade Brasileira de Anestesiologia